Celeste Reina
“ Nasci a 2 de dezembro de 1930 em Alvite, nascida e criada. O meu pai é incógnito e a minha mãe sempre vendeu cobertores e farrapos, e eu assim que pude fui com ela vender. Fui criada pela minha mãe até aos 12 anos e dos 12 até aos 20 fui criada pela minha avó.
Aos 20 anos casei-me, o meu marido era de Alvite e negociante. Ao fim de 9 meses de casamento engravidei do 1º filho. Naquele tempo só dormíamos juntos na 2ª noite! Fazíamos vida de negociantes com cobertores e farrapos, íamos busca-los à Guarda, Covilhã e Montalegre. Tive 12 filhos no total, 8 raparigas e 4 rapazes, dos 4 um faleceu e para além disso ainda tive 1 aborto.
Quando me casei não tinha casa, compramos um terreno e fizemos a casa. Íamos aos 3 e 4 meses para Macedo de Cavaleiros, arrendávamos casas e levávamos os cobertores para vender, a vida era muito difícil! Chegava a ir a Lamego muitas vezes, com o meu tio, buscar caixas de sardinha à cabeça.
O meu marido ficou doente, fui com ele ao médico e disseram que tinha cancro na próstata e Alzheimer. Foi internado em Viseu durante 1 mês e nesse período apanhou pneumonia, veio para o Lar e ficou cá 3 meses, pagava na altura 80 contos. Entretanto foi para o hospital de Lamego e foi lá que faleceu, com 80 anos.
Fiquei em casa do meu filho sozinha , mas estava em Centro de Dia, depois os meus filhos colocaram-me no Lar e já cá estou há 2 anos. “
29 de junho de 2020