Edviges Jacinto

Edviges Jacinto

“Eu sou a Edviges Jacinto e faço 93 anos para 30 de novembro. O meu pai chamava-se Manuel Correia e a minha mãe Maria Jacinta e eles tiveram 8 filhos, o Manuel, o António, o Alberto, a Telbina, o Venâncio, o Luciano, o Lucílio e eu, 4 deles já não estão cá,.. Eu quando era pequena trabalhava no campo com os meus pais, segávamos centeio quando o havia, tirávamos batatas, semeávamos batatas, eu fazia, de inverno, farrapos para tecer as colchas e fiava na teia.

Conheci o meu marido na minha terra, Vila Chã do Monte, ele chamava-se Armando Correia e comecei a namorar com ele aos 24 anos e casamo-nos aos 26 anos.  Foi uma festa boa, naquele tempo haviam poucas coisas então fizemos uma boda mais pequenina. Ele era muito bom para mim, nunca me fez nada de mal, era muito meu amigo. Um ano depois de me casar tive a minha filha Maria Gorete que está em Vila Chã do Monte e depois o meu filho que tenho para Lisboa, chama-se Ilídio. O Ilídio tem 2 filhos, o Francisco e a Rita que estão em Lisboa e a Gorete tem um filho, o Leonel que está na Alemanha. Eu, o meu marido e os nossos filhos vivíamos no fundo do povo e foi lá que os criamos. O meu homem trabalhava muitas vezes em Alvite e eu ia a pé até lá levar-lhe o comer. Conhecíamos muita gente lá, o Manuel Póvoa, o Manuel Zefa, a Silvina do Zé Ana, a Tia Carminda que tinha negócio, a mulher do Quinta, o tio Ernesto, …

O meu marido faleceu há 9 anos, ele tinha por lá 89 anos e adoeceu! Vim aqui para o lar porque a minha filha também tem as doenças dela e já não podia tomar conta de mim. Aqui conheci logo as duas senhoras que também são da minha terra que cá estão. Uma delas ainda trabalhei lá em casa, a escanar o milhão, a sachar e a fazer a vindima no Couto. Já fiz muitas amigas aqui no lar, tenho cá muitas amigas, dou-me bem com toda a gente.”

03 de Junho de 2022